Acorda monstro!

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Regressou o sono pelas portas da vida, pelas águas turvas dos sedimentos do mar. Acalmou a ânsia da predação telúrica que subia dos fundos, despertou os sonhos mortos gravados nas pedras das praias e no peito arqueado dos destroços das naus. Adormeci afogado na biomassa das ondas, rejeitando a sabedoria diluída no sal e os tesouros enterrados na lama. Parti para os sonhos gelados das águas, onde encontrei os meus semelhantes cobertos de escamas e os meus predadores agitando os braços. Na fúria salgada da fome lançaram arpões carregados de sangue e cantaram com voz estragada os versos rasgados da guerra da vida. O meu corpo morto continua no sono e no sonho, no sonho e no sono, artérias envenenadas, cérebro esfacelado, coração embalado… quando um igual passa por mim veloz e declama em prosa… Acorda monstro!

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